Memorial de Aires é um romance do escritor brasileiro Machado de Assis. Foi seu último romance, escrito em 1907 e publicado em 1908. A obra é estruturada em forma de diário, com as datas entre 1888 e 1889.
O livro apresenta o diário do conselheiro Aires, um diplomata aposentado que vivia na Europa. Após a aposentadoria, regressa ao Rio de Janeiro, onde vive sua irmã, Rita, e única familiar viva. Os dois são viúvos e vivem sozinhos, mas são muito próximos e visitam-se com frequência.
No diário, Aires relata suas impressões a respeito de tudo o que acontece ao seu redor. Ele começa a escrever no dia em que completa um ano do seu retorno ao Brasil. Aos poucos, se adapta à nova vida.
Aires e Rita são muito amigos do casal Aguiar, de seu afilhado, Tristão, e de Fidélia, uma amiga da Sra. Aguiar. Como o casal não teve filhos, Tristão e Fidélia se tornam seus filhos postiços, e suas vidas passam a girar em torno dos dois jovens.
Grande parte da narrativa gira em torno da convivência dessas famílias. Como Aires está aposentado, ele dedica boa parte de seu tempo à irmã e aos amigos.
Os amigos de Aires o chamam de conselheiro e confiam muito nele. Sempre lhe contam seus segredos, seus problemas e pedem conselhos.
Fidélia também é viúva e muitos acreditam que ela nunca se casará novamente, pois mantém seu luto, mesmo passados alguns anos da morte do marido. Aires passa a expressar um certo interesse por ela, porém Rita duvida que ela volte a se casar, inclusive chega a apostar isso com o irmão.
Impressões de leitura de Memorial de Aires
A história se passa no contexto histórico do fim da escravidão no Brasil, que ocorreu em 1888. Aires menciona isso em seus relatos, mostrando a reação de pessoas com quem ele convive a essa mudança.
Memorial de Aires é uma narrativa mais introspectiva, focada nas impressões do protagonista sobre a vida, as pessoas e dos acontecimentos à sua volta.
Assim, Machado de Assis aborda assuntos como política, amor, solidão e amizade. E vai mostrando como a sociedade da época funcionava, principalmente a elite, o meio onde ele convivia.
Como é característico das obras de Machado, esse texto tem uma linguagem bonita e bem construída. É uma obra cheia de reflexões e faz análise psicológica dos personagens.
Em alguns momentos o diário parece um compilado de "fofocas" sobre os amigos, já que Aires fala muito sobre eles e sempre conversa sobre suas vidas com a irmã, Rita. Além disso, os amigos confiam muito nele e lhe contam seus segredos.
Por ser escrito como um diário, o romance tem uma estrutura mais fragmentada. Não é tão linear como geralmente são os romances. Mas isso não interfere no entendimento da história, pois Aires registra tudo o que acha relevante.
Cada capítulo corresponde a uma entrada do diário. Alguns são bem curtos, com menos de uma página ou até mesmo apenas um parágrafo. Isso é uma característica comum nos romances do autor.
Eu gosto muito desse livro! A leitura é tranquila e a narrativa interessante. É, sem dúvida, uma das grandes obras de Machado de Assis da época do realismo que a gente precisa conhecer. Eu deixo aqui minha indicação de leitura.
Uma curiosidade: O conselheiro Aires também aparece, como personagem, em outro romance do autor, Esaú e Jacó. A trama de Esaú e Jacó se passa na mesma época que o Memorial de Aires.
Você já leu Memorial de Aires? O que achou? Me conta nos comentários!
Autora: Machado de Assis
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